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ENTREVISTA COM A ARQUITETA MARIA FERNANDA SILVA DE OLIVEIRA

A entrevistada deste mês é a Arquiteta Maria Fernanda Silva de Oliveira. Formada em 2012, em Arquitetura e Urbanismo, pela Faculdade de Engenharia e Arquitetura da FUMEC, é fundadora do Estúdio 4 Soluções em Arquitetura e atua como Gerente de atendimento e criação.

Seu olhar, como ela mesmo diz, quando jovem sempre esteve no belo e na necessidade de organizar os espaços.

O que te levou a optar pelo curso de arquitetura?

O curso de arquitetura pousou no meu colo como uma borboleta. Meu olhar quando jovem sempre esteve no belo e na necessidade de organizar os espaços. Fui aquela criança dos quebra cabeças, toquinhos, desenhos, a ajudante do papai -professor em seus diários de classe, a neta do vô Alberto que espiava seus desenhos entre uma música ouvida debaixo da mesa e chocolates na gaveta do escritório. Deitada no tapete, as estantes mostravam livros que contavam sobre o espaço físico e o espaço transcendental. Foram muitos momentos de exploração nos quais as historias estavam presentes.

Nas fotos de viagens quando adolescente o foco era sempre a edificação e em especial seus espaços internos. Mas foi uma viagem especial junto ao meu pai nos meus quase 18 anos para conhecer Barcelona que dentro do PArk Guell a vontade e a coragem se uniram para materializar a minha escolha pela arquitetura.

Os mosaicos me remetiam a infância e as minhas próprias reconstruções.

Quando voltei a Belo Horizonte subindo a av. Afonso Pena vi a palavra arquitetura escrito em verde (muitos ainda dizem que estavam em preto) numa das faixas de marketing da Fumec.

A partir daí se iniciou o meu primeiro passo. E dali não parei mais. O vestibular veio e com ele a arquitetura, publicidade e direito. A arquitetura arrebatou meu coração quando meu pai me disse: “as escolhas precisam ser feitas pelo afeto.”

Entre uma matéria e outra fui observando o meu prazer pela busca da renovação dos ambientes de interiores, do planejamento da obra, das linhas novas se erguendo no lugar do degradado e do antigo. Nas aulas de restauro, de história da arte e de espaços organizacionais fui buscando estágios em arquiteturas de interiores. Encontrei-me em muitos momentos ao ver a arquiteta Renata Marquez na sua delicadeza e olhar atento sobre seus clientes. Ela foi uma inspiração de cuidado e atendimento ao cliente para o meu olhar.

O que te levou a sua prática profissional?

A minha prática se delineou e ainda se faz pelo elo da observação e do prazer.               Em 2022 completo não só 20 anos de formada como também de escritório próprio com o conceito de um estúdio criativo e sobretudo de respeito a demanda do próximo.

Num primeiro momento o escritório se formatou com um grupo de amigas da faculdade e pós-graduação onde meus primeiros clientes foram muitos de professores como o Eduardo Henrique e Maria Carmem Lopes e alguns amigos.

No fim da primeira década o escritório foi amadurecendo e se tornando mais focado, ágil  e objetivo através do casamento com engenheiro arquiteto Alexandre Guimaraes. A  partir disso, a janela dos meus olhos se ampliou para um novo mercado onde tive a oportunidade de desenvolver projetos residenciais e comerciais.

Na segunda década pude conhecer algumas ricas parceiras nas quais duas delas compõe a minha equipe do Estúdio 4 Soluções em Arquitetura.

Seguimos os 4 com muita alegria em servir aquele que nos procura.

ENTREVISTA COM O ARQUITETO ANTÔNIO DO PRADO VALLADARES DE ANDRADE

Hoje Valladares atua como arquiteto Chefe de Projetos, Casa Térèze. - Paris, Franca / Belo Horizonte e arquiteto Coordenador de Obras, na Construtora UNI LTDA - Rio de Janeiro. Coordena como sócio duas empresas focadas na concepção e construção de espaços.

O que levou você a fazer o curso de Arquitetura?

Acho que as razoes que me levaram a fazer Arquitetura são as mesmas que num primeiro momento me fizeram não escolher a Profissão. Explico: Sou de uma família com vários arquitetos. Ambos os meus Pais são arquitetos, tenho tias, irmã, todos arquitetos. Isso me levou num primeiro momento a negar a minha vocação, tanto que minha primeira escolha não foi a Arquitetura e sim o curso de Economia que cursei por dois anos e meio.

Foi então num dia de semana a noite que um amigo irmão, que tenho desde a adolescência me chamou para dar um pulo na oficina maquetes da FUMEC, onde ele estava desenvolvendo a maquete do seu P1.

De cara fiquei encantado com aquele ambiente. Ferramentas, materiais, maquetes em processo e uma turma muito empolgada em fazer aquilo tudo. Essa empolgação que eu não tinha experimentado ainda no curso que vinha fazendo. Foi então que o Flavio Negrão (o Borracha) entra esbaforido na oficina e avisa a todos:“- Galera, vou ter de dar uma monitoria de Geometria Descritiva aqui, então vocês vão ter de fazer silencio ok?”

Logo uma horda de calouros entra na oficina e o Borracha começa a sua monitoria... Era épura para lá, Rebatimento de Planos para cá, Pi1, P2, P3, P4 e assim ia. A impressão que tive é que eu tive naquela hora foi de que aquilo fazia sentido para mim.

Sai dali e larguei meu curso de Economia. Fiz Vestibular para a Arquitetura e passei.

Essa história um tanto romantizada ilustra o momento de uma tomada decisão importante na minha vida. É claro que depois vieram as consequências, tudo aquilo que meus pais me alertavam era de fato verdade.

A profissão de arquiteto é realmente difícil, o curso de Arquitetura é muito trabalhoso e exige muita dedicação. É pouco glamour, é glamour nenhum. Mas é apaixonante. Ser Arquiteto é aquilo que juntamente com a paternidade é o que mais define meu caráter. Ser arquiteto para mim é gostar das coisas. Gostar de entender como tudo o feito, como tudo tem o seu lugar certo e como isso traz uma percepção especial da vida.

Com tanta paixão envolvida, foi natural que me casasse com outra arquiteta (já eram poucos em casa) e minha mulher por sua vez: filha e neta de arquitetos, bisneta de arquitetos, irmã, cunhada de arquiteto... Temo pelo futuro do meu filho, na verdade não temo não. Eu gosto de ser generalista, de ser curioso e o exercício da Arquitetura me permite isso. Herdei isso dos meus pais, e quero passar esse gosto para ele também.

Essa predileção pelas coisas genéricas acabou marcando a minha prática. Gostar de entender como tudo funciona me fez debruçar sobre as tecnologias, sejam elas digitais ou analógicas. Fui buscando e aprofundando meu conhecimento. A época que cursei Arquitetura - nem faz tanto tempo- a informação já andava rápido, mas não como hoje. A internet era discada, ainda não existiam os dispositivos moveis, não fazem 20 anos, mas parece outra era. Passava horas na biblioteca da FEA, chegava as férias podíamos levar os livros mais legais pra casa e ficar com eles por todo o verão. Os professores eram um misto de mestre e amigo e a generosidade deles geravam experiências sensacionais de convívio e troca.

Sempre tentava complementar minha formação na faculdade com experiências de estágio, e o corpo docente da FUMEC sempre contou com profissionais atuantes com bons escritórios.

Acabei então estagiando com alguns deles e essas experiências foram determinantes para mim.

Qual a sua Área de Atuação?

Desde que me formei tive uma prática variada, mas sempre voltada para a área de reforma e construção. Três anos após me formar tive uma oportunidade de trabalho no Rio de Janeiro e me mudei para lá. Comecei trabalhando com cenografia e montagem de exposições o que foi muito enriquecedor.

Desenhei e montei diversas edições do Fashion Rio, trabalhei com artistas e exposições de arte. Sempre com foco na execução.

Foi então que percebi que para mim não fazia sentido dissociar a concepção da execução. Que o que fica é a obra, o projeto vira arquivo. Mas para a obra ser boa, o documento precisa ser bom. Montar e construir então passou uma extensão da minha prancheta e a obra se tornou uma presença permanente na minha vida.

Comecei a trabalhar numa construtora. Coordenei muitas obras no Rio, depois em São Paulo e depois de volta ao Rio.

Ao mesmo tempo que me tornava um arquiteto construtor, aprimorava minha pesquisa em desenho e projeto e em processos de entrega e comunicação entre escritório e canteiro...........

Em 2017 tive a oportunidade de trabalhar em Paris junto com minha irmã a Tereza do Prado e minha esposa, a Joana Hardy. Foi então que fundamos nosso escritório a Casa Térèze. Desde então desenvolvemos projetos e obras no Brasil e na França.

Na empresa eu me ocupo mais da supervisão das obras, nos projetos participo mais na fase concepção e depois na fase de detalhamento, a Joana coordena a equipe de projeto, acompanha a produção e atende os clientes do Brasil.

Os Projetos da França são coordenados pela Tereza. Embora tenhamos funções bem demarcadas, acabamos por participar os três sócios com mais ou menos intensidade em todos os projetos. Muitos dos desenhos dos projetos Franceses são produzidos aqui em Belo Horizonte e a concepção de nossos projetos seja no Brasil ou na França sempre são resolvidos em cooperação entre os dois escritórios.

Esse intercambio além de ser um diferencial em nossa prática, é muito enriquecedor, para mim e para a equipe como um todo.

 

Entrevista com a arquiteta Paula Salles

Leia a seguir uma entrevista com Paula Salles. Paula é Arquiteta, formada pela Universidade FUMEC.  Obteve sua pós graduação na Universidade Politécnica da Catalunia. Desde de 2005, onde iniciou, trabalha na Rede Globo de Televisão, onde participa da equipe de grandes produções, como Cenógrafa.

O que te levou a escolher o curso de arquitetura?

Eu não tive referência de arquiteto na minha família, mas meu pai sempre foi um curioso na área de construção. Desde pequena o vi concretizando suas ideias em casa, no sítio que tínhamos, mas não foi com a presença de um arquiteto na família. A minha primeira opção foi psicologia, sempre achei que pudesse trabalhar com criança, minha mãe sempre se dedicou ao trabalho de voluntária na Santa Casa, tinha essa relação com a área de humanas. Tentei vestibular para psicologia e passei em economia, minha segunda opção, também sob influência do meu pai. Ainda muito jovem, sem saber em que área queria atuar, a arquitetura foi descoberta através de teste vocacional. Não passei de primeira, entrei na FUMEC transferida da PUC Poços de Caldas onde fiz o primeiro semestre. A arquitetura foi me ganhando, o universo da faculdade que foi me formando arquiteta. Não fui a primeira da turma e fui gostando do curso à medida que os anos se passaram. O que mais me enchia os olhos era urbanismo. Sempre achei que teria mais possibilidades nessa área, poder fazer projetos pensando no coletivo, na maneira de se locomover, de desenhar os espaços urbanos, pensando na relação da arquitetura com as pessoas, a forma de uso dos espaços públicos e os percursos nas cidades. Meus estágios, foram em poucos escritórios mas de grande aprendizado. As conquistas foram me transformando, trilhando minha profissão. Próximo de me formar, fui estagiar no escritório do Jão...querido João Diniz, peça importantíssima na descoberta da cenografia. Viva a “transarquitetura” de João. Na Fumec, fiz grandes amigos, conheci mestres, João, Maria Carmem, Veveco, Porfírio, Rita de Cassia, Vanessa, Joel, Gustavo, Natasha, Silvio, Bruno, e todos os colegas, alguns filhos desses grandes mestres, e tantos queridos. Cada um com sua competência e história.

O que te levou a atuação profissional como cenógrafa?

Um ano antes de me formar, em 2003 fui a Bienal de São Paulo com João, onde ele foi um dos palestrantes, e ali conheci Benedetta Tagliabue, arquiteta espanhola pela qual me encantei. Ela me convidou a estagiar no escritório dela em Barcelona. Foi uma mudança. Faltava um ano para me formar, tranquei a faculdade e lá fui eu para Barcelona. Fiz pós-graduação, me registrei no curso que a Benedetta era professora. O curso me abriu o olhar ainda mais para os espaços públicos e seus usos, e consequentemente a relação das pessoas com as diferentes formas de se fazer arquitetura. Barcelona foi uma grande experiência. No meu retorno, faltava apenas o TFG para minha graduação, meu projeto tinha como proposta uma faculdade de teatro e dança no campus da UFMG. Dança porque desde os 5 anos fiz ballet. O palco sempre me fascinou e daí, numa tarde no escritório do João, fazendo pesquisas sobre o meu projeto, soube de um cenógrafo que iria a Ouro Preto palestrar sobre cenografia. Keller Veiga o nome dele, formou-se com o João. Estava ali no escritório e falei: “João o keller estará hoje em Ouro Preto” e ele disse “vamos lá”, assim, de repente. Lá fomos nós. O Keller não tinha ido sozinho falar sobre cenografia, sua área de atuação na Globo. Estavam com ele, sua esposa bailarina, seu irmão e filho músicos, a sogra escritora...era um tanto de gente bacana, artistas. Logo, o encantamento pela cenografia. Me interessei primeiro pelos palcos, porque fazia parte da minha vida, o ballet, o sapateado e a dança contemporânea. Passei a buscar cursos em São Paulo, sobre cenografia de teatro, por conta da minha atuação como bailarina, mas mantive contato com o keller. Então, já formada, pouco tempo depois de conhecê-lo, a Globo foi gravar em Tiradentes uma minissérie. E lá fui eu, das duas semanas que fiquei ali, foi uma imersão no mundo da TV, ajudando nas montagens e acompanhando as gravações. Daí para frente não larguei mais. Depois que tive essa experiência, fiz cursos de direção de arte e cenografia. Adorava. Pegava o ônibus quarta em Bh, passava o dia na Debora Colker fazendo aula de dança e ia para o curso de direção de arte, depois retornava no ônibus da madruga para BH. Dessa forma vieram outros cursos, e lá estava eu, bem “mineiroca”. Quando acabei essa fase dos cursos, o keller voltou a BH e nos falamos mais uma vez e fui direcionada para uma entrevista na Globo, para as oficinas. Lá estava eu, portifólio na mão indo para a Globo fazer entrevista. Gostaram de mim, porém nada aconteceu, não abriram oficinas, não me ligaram. Nessa altura, enviei uma carta para o Gilberto Gil (ministro da cultura na época) pedindo emprego. E as respostas vieram muito próximas, o retorno desse email ao Gil, me direcionando para uma entrevista na Funarte e em um ou dois dias depois a Globo me ligou. Já estava imersa, encantada e voltada para cenografia. Segui meu coração. Trabalhando com as vastas possibilidades que a cenografia me trouxe, sempre muito próxima a arquitetura, de forma diversa e de diferentes maneiras de produção e construção. Traduzi na arte a forma cenográfica de se fazer arquitetura e sigo trilhando e trabalhando com uma variedade de possibilidades na área.

Produções Globo:

Minissérie JK; Amazônia; Paraíso Tropical; Páginas da Vida; Queridos Amigos; Ciranda de Pedra; Caras e Bocas; Tititi; O Astro; Lado a lado; Louco por Elas; Amor de Mãe; O Rebu; I Love Paraisópolis; Os dias Eram Assim; Justiça; Onde nascem os Fortes; Órfãos da Terra; Sob Pressão especial Covid; Nos tempos do Imperador; Desalma.

 

 

 

ENTREVISTA COM O ENGENHEIRO EDUARDO CHAHUD

Estamos lançando uma seção com entrevistas e informações de qualidade, sobre temas da engenharia e arquitetura, no Brasil e no mundo.

Engenharia

A origem da palavra é latina: vem do termo ingenium, que significa invenção ou inteligência. A Engenharia Civil é um dos tipos de Engenharia mais tradicionais. A Engenharia civil, trata de inventar soluções criativas e práticas, que exigem conhecimento e habilidade. Uma desses conhecimentos e habilidades diz respeito as estruturas.

Junto com a hidráulica e o estudo dos solos e materiais é considerada, por muitos, os pilares da Engenharia civil. Para falar de estruturas, nessa primeira edição, convidamos o engenheiro civil Eduardo Chahud, que é Professor do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção  da Escola de Engenharia da UFMG, Doutor em Engenharia de Estruturas.

1. Professor, por que escolheu essa profissão?

Escolhi ser engenheiro civil visando a possibilidade de atuar em diferentes setores da engenharia. Ao conhecer os possíveis setores de atuação, escolhi a engenharia de estruturas paralelamente ao desenvolvimento dos materiais de construção. Essa escolha, proporcionou trabalhar de forma altamente gratificante no ensino de engenharia, na pesquisa e no desenvolvimento de projetos estruturais. Importante deixar registrado que os conceitos de cálculo diferencial, física, química, arquitetura, geologia, hidráulica, materiais e cálculo estrutural, obtidos na graduação em engenharia civil, fazem parte da base para o entendimento correto do comportamento das edificações.

2. Como atua o engenheiro de estruturas?

O engenheiro de estruturas atua no projeto e no cálculo das estruturas. O projeto tem por objetivo definir a estrutura que cumpra sua função sem chegar à ruptura, sem apresentar deformações excessivas e sem apresentar vibrações acima dos limites definidos pela normalização vigente. Dessa forma, o projeto desenvolvido levará a uma construção segura, confortável ao usuário e economicamente viável.

3. Quais os tipos de estrutura mais usuais?

As estruturas mais utilizadas na construção civil atualmente, são as estruturas de barras. Essas estruturas são compostas por elementos de barras (vigas e pilares, elementos estruturais em que uma dimensão é bem maior que as outras duas) e por um elemento plano (laje, elemento estrutural em que duas dimensões são bem maiores que a terceira).

 

Esses elementos, trabalhando em conjunto, terão como função suportar os carregamentos a que as estruturas estarão submetidas (peso próprio, cargas de utilização, ventos etc). Como exemplos dessas estruturas pode-se citar, as estruturas em concreto armado, estruturas em concreto protendido, estruturas metálicas e as estruturas de madeira.

ENTREVISTA COM O ENGENHEIRO OSWALDO TEIXEIRA BAIAO FILHO

1-) Como está o mercado de aço no Brasil ?

Apesar do elevado aumento do preço do aço, o mercado do uso do aço em construções está muito aquecido.

2-) O que é o steel frame e quais suas principais aplicações?

O Light Steel Framing é um sistema construtivo onde a estrutura é composta por perfis leves de aço formados à frio com chapas finas galvanizadas funcionando em conjunto com  outros sistemas como de isolamento, acabamentos, instalações etc.

 É um sistema muito industrializado, que nasceu nos Estados Unidos na época da revolução industrial para auxiliar na demanda por habitações com praticidade, velocidade e produtividade   que vem ganhando mercado no Brasil devido à rapidez de construção e que permite um ótimo controle de qualidade .  Esse sistema construtivo já vem sendo utilizado com sucesso na América do Norte e Europa há mais de 30 anos e mais recentemente no Brasil..

Como principais aplicações saliento o seu uso em moradias, clínicas de saúde, escolas e outras edificações de relevância social.

 

3-) A decisão de se utilizar o sistema construtivo em aço se baseia em uma série de vantagens tais como:

Prazo muito reduzido de execução da obra, em relação ao sistema convencional.

Elementos estruturais com seções reduzidas e vencendo maiores vãos com economia e com menos interferências com  ambientes.

Por ser a estrutura metálica mais leve e com menos pilares obtém se economia nas fundações que em alguns casos chega a 30%

Os canteiros de obra são reduzidos, com pouca geração de resíduos, com poucas pessoas trabalhando e por um período muito reduzido, gerando muito menos impacto ambiental que um canteiro grande com muitos trabalhadores, gerando muito resíduo e durando mais tempo.

O aço é 100% reciclável.

A construção metálica é totalmente industrializada, com alto padrão de qualidade

 Como foi a escolha para atuar na área de cálculo estrutural em Aço?

Na realidade, após um estágio na Alemanha em 1974 comecei como estagiário na Usiminas Mecânica onde participei de cálculos de edifícios industriais, comerciais e residenciais de andares múltiplos, estruturas de hidromecânicos e plataformas off shore e mais recentemente de edifícios altos e estruturas para geração de energia fotovoltaica. Em 1983 comecei a minha carreira de magistério lecionando disciplinas sobre estruturas de aço e madeira na FUMEC.

ENTREVISTA COM O ENGENHEIRO ANTÔNIO CARLOS VIANA

A madeira teve grande importância na construção da humanidade e, até hoje, está presente no dia a dia do homem. Quando refletimos sobre a madeira, percebemos que ela é um dos materiais mais versáteis e mais utilizados da história. Para falar sobre a madeira, convidamos um grande especialista no assunto: o engenheiro Antônio Carlos Viana Silva. Formado pela Escola de Engenharia da UFMG, Antônio Carlos Viana é diretor do escritório de cálculo Acviana Engenharia e Projeto Estrutural Eirelli e Professor da Escola de Engenharia da Universidade FUMEC.

Porque você escolheu atuar  na área da  engenharia estrutural ?

A escolha da engenharia na minha vida profissional ocorreu ainda  no ensino médio, onde formei como Técnico de Estradas pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET) no ano de 1978. Após sua conclusão, ingressei no curso de engenharia civil da UFMG e conclui o meu curso com ênfase em Saneamento. Entretanto a primeira oportunidade de trabalho ocorreu na área de cálculo de estruturas de aço na empresa Usiminas Mecânica (USIMEC), onde desenvolvi habilidades e conhecimentos que mantenho  até os  dias de hoje.

Como você classificaria o emprego da madeira como elemento estrutural no Brasil e no mundo? 

A utilização da madeira como elemento estrutural, vem sendo utilizada em grande escala em países como o Estados Unidos, Canadá e Europa para construções  de residências, pontes, passarelas, galpões etc. Infelizmente,  no Brasil, seu emprego ainda é pouco utilizado, limitando-se em construções de telhados de cobertura e cimbramentos  para  estruturas de concreto armado e protendido.

Porque aqui no Brasil a madeira ainda é pouco utilizada como elemento estrutural em relação a outros países?

Seu emprego no Brasil apesar de  ser ainda muito pequeno, vem ocorrendo de forma crescente e lenta apesar  dos  preconceitos  que existem  para a utilização desse material como: a falta de conhecimentos e informações técnicas sobre  o seu comportamento; desenvolvimento de poucos  projetos específicos por profissionais habilitados; conceitos equivocados sobre sua  resistência e sua sustentabilidade ambiental em relação  a  outros materiais; a falta de instituições acadêmicas e profissionais que possam incentivar  sua  aplicação no país e conhecimentos limitados de sistemas estruturais industrializados como Wood Frame e Madeira Laminada Colada.

A resistência da madeira é inferior em relação aos outros materiais?

Muito pelo contrário. A madeira possui resistências bastante interessantes em relação a compressão e tração paralela  às fibras. Existe um preconceito muito grande de achar que a madeira possui baixas resistências quando são comparadas com  as  resistências de tração do aço  e  as resistências de compressão do concreto. Suas resistências em relação ao  peso  específico apresentam  valores  superiores  em relação a  esses dois materiais,  conforme  mostramos na tabela  abaixo:

 

Ao analisar  os  resultados da tabela pode-se  concluir que  a  relação ( f/ρ ) referente a tração e compressão da madeira  pode  ser de 2 a 3 vezes superior a resistência de tração do aço e de 3 a 4 vezes superior no caso da  compressão do  concreto.

E quanto a questão do  impacto ambiental? 

Também, outro preconceito em relação a madeira. Se compararmos com  os  outros materiais, a madeira apresenta  uma  sustentabilidade  ambiental  superior  ao aço e ao concreto. A madeira é um material orgânico com fonte abundante e renovável se considerarmos a possibilidade de  reflorestamento de  espécies que são utilizadas para finalidade  estrutural, ao  contrário do aço e do concreto onde o minério de ferro e o calcário são  fontes limitadas  e não renováveis.

Quais seriam as principais vantagens  de  se  usar a madeira de forma  estrutural?

Além da boa relação f /ρ , já  comentada  anteriormente , podemos  citar  como  vantagens da madeira a facilidade de fabricação, bom isolante térmico, material industrializado podendo reduzir o tempo de construção e com  a aplicação correta ( espécie e sistema estrutural apropriado ) seu uso pode  ser  muito  vantajoso em relação aos outros dois  tipos  de  materiais.

Quais fatores poderiam afetar a  resistência da madeira?

Os principais fatores que podem  diminuir  sua  resistência, seriam os processos  de fabricação tais como a  secagem e a serragem inadequadas e  a falta de manutenção  periódica para a boa  conservação da  madeira, que afeta no tempo de sua vida  útil.

Como a madeira é um  material combustível, o dimensionamento em  situação de  incêndio inviabilizaria  seu  uso  como  elemento estrutural ?

De forma alguma. Apesar da  madeira  ser um material combustível,  ela  apresenta características bastante interessantes no que diz  respeito ao desempenho a altas  temperaturas, podendo  superar outros  materiais , como por exemplo  o  aço, em condições  severas de exposição ao fogo. Quando  a  madeira é submetida a  ação do fogo,  essa  vai  carbonizar de fora para dentro ,  formando no primeiro momento uma pequena película carbonizada que se transforma em um isolante térmico. A madeira é um  mau condutor de calor e dessa forma a temperatura interna cresce de forma  mais lenta não comprometendo a região central da peça, enquanto no caso do aço poderá  entrar em colapso,  mesmo não sendo um material inflamável. O outro ponto importante sobre  a  madeira é o fato de não apresentar distorções dificultando  sua  ruína, ao contrário do que acontece com as  estruturas metálicas. Para o dimensionamento dessas peças em situação de incêndio, basta adotar  uma  sobre espessura nas dimensões da seção transversal utilizada.

 

Dessa forma, o que você pode  sugerir  para  incentivar  o  uso da madeira como elemento  estrutural no Brasil?

Algumas sugestões podem  ser  adotadas para  que a madeira , se torne uma solução interessante na  engenharia estrutural no nosso país, como por exemplo:

1 -  criação de um órgão nacional de construtores em madeira,  ajudando na disseminação de campanhas de incentivo do uso do material, que atualmente está  muito limitado;

2 -  introdução de disciplinas específicas sobre o uso da madeira em cursos de engenharia  e  arquitetura, disseminando o conhecimento a respeito do material, reduzindo assim os preconceitos existentes ainda no Brasil;

3 - criação de  cursos  técnicos e profissionalizantes, gerando mão de obra especializada necessária para o desenvolvimento da indústria madeireira;

4 - divulgação e conscientização dos aspectos sustentáveis e de resistência da madeira;

5 - criação de parcerias entre instituições acadêmicas e de pesquisa com o setor madeireiro, promovendo o estudo de tecnologias e técnicas afim de modernizar a indústria nacional, utilizando financiamento de bolsas de estudo por empresas do setor;

6 - incentivos governamentais/fiscais para a criação de  novas empresas.

 

* Antonio Carlos Viana Silva, é diretor do  escritório de cálculo Acviana Engenharia e Projeto Estrutural Eirelli, onde atua na área de estruturas metálicas na função de engenheiro calculista e consultor. É formado em Engenharia Civil pela UFMG, onde obteve a especialização e mestrado na área de estruturas. Engenheiro de mercado, exerceu  sua  função em  várias empresas do ramo, como Usiminas Mecânica, Delp Engenharia, Codeme Engenharia, Medabil e Costa Baião Engenharia. É professor do curso de engenharia da FUMEC.

ENTREVISTA DA ARQUITETA E URBANISTA MARIA CARMEM GOMES LOPES

Leia na integra, a seguir, a entrevista comArquiteta Urbanista Maria Carmen Gomes Lopes, conhecida no meio da arquitetura, pelo seu trabalho profissional e por sua importância acadêmica, onde teve papel fundamental na criação do Curso de Arquitetura da FUMEC.

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ENTREVISTA COM A PRESIDENTE DO CAU-MG Maria Edwinges Sobreira Leal

Leia na integra, a seguir, a entrevista com a Presidente do CAU/MG a Arquiteta e Urbanista Maria Edwiges Sobreira Leal.

Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU iniciou sua nova gestão trienal em 2021 e em Minas Gerais o CAU/MG, composto por 22 conselheiros titulares e seus suplentes, elegeu como Presidente da Autarquia a Arquiteta e Urbanista Maria Edwiges Sobreira Leal. A profissional possui, em sua trajetória ininterrupta de 37 anos, uma vasta experiência no desenvolvimento de relevantes projetos arquitetônicos, urbanísticos, paisagísticos e de restauração, além de sua atuação como Conselheira Titular do CAU/MG na gestão 2018-2020.

 

Obrigada por nos receber Maria Edwiges, para essa entrevista. O que esperar do CAU/MG, para essa gestão? 

 

Seguindo o previsto na Lei 12378 de 31 de dezembro de 2010, em seu § 1º,  “O CAU/BR e os CAU/UFs têm como função orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da arquitetura e urbanismo”, ou seja, o Conselho atua para que a sociedade acesse a arquitetura e urbanismo e que esse exercício seja desempenhado por profissionais habilitados. Minas Gerais conta com a atuação de aproximadamente 17 mil arquitetos e urbanistas registrados junto ao CAU/MG e é, junto a eles que a atual gestão do Conselho dará continuidade ao importante trabalho desenvolvido desde a criação do CAU. Nesse período foram dados passos importantes para a difusão da profissão e fiscalização do seu exercício, porém, o momento atual exige que o CAU atue para que os arquitetos e urbanistas se aproximem das grandes demandas previstas para o futuro.

 

Parte da sociedade já percebeu que não há como produzir cidades melhores sem que a arquitetura e urbanismo rompa barreiras históricas, entre as quais está, a de que se trata de uma profissão elitizada. Para ampliar a diferença que o trabalho do arquiteto e urbanista faz, é preciso que ele ocupe seus espaços e tenha a oportunidade de mostrar o quanto seu trabalho eleva a qualidade de vida das pessoas. E, como isso depende do profissional tanto quanto da sociedade, esse será o principal espaço para atuação do CAU nos próximos anos.

 

A luta pela moradia digna, por exemplo, está incluída na pauta do CAU/MG em sua atuação com a difusão da Lei 11.888/2008, que em seu Art. 1o “(...) assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia (...)”.

 

 A compreensão da legislação vigente é o primeiro passo para que o Conselho possa cumprir sua função de articulador para a mobilização dos atores necessários, para que a arquitetura e urbanismo seja acessada por todos os mineiros, seja por meio da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social – ATHIS, que tem sido foco de editais de patrocínio oferecidos pelo CAU/MG), seja pela compreensão de que o arquiteto e urbanista é fundamental para o planejamento de todas as cidades, projetos e preservação do nosso patrimônio, o qual, inclusive, representa grande parte do patrimônio histórico arquitetônico brasileiro.

Em Minas Gerais temos a missão de apresentar a profissão e seus novos desafios para nossos 853 municípios e para isso buscamos articulação com prefeituras, entidades, órgãos e instituições de ensino para ampliação dos impactos de nossas ações.

Queremos destacar a importância do projeto e do planejamento junto às prefeituras, pequenas, médias e grandes. A arquitetura e urbanismo é o primeiro passo para a materialização dos planos propostos pela gestão municipal e que dependem grandemente e, antes de tudo, do exercício profissional do arquiteto e urbanista, que é o profissional que possui a função e qualificação necessária para isso.

 

Temos, ainda, o objetivo de estarmos cada vez mais próximos dos 93 cursos de arquitetura e urbanismo de Minas Gerais, que representam o primeiro ambiente de discussão desse novo perfil profissional esperado pela contemporaneidade e onde se inclui o entendimento do importante sentido social da profissão. Além disso, essas possibilidades de cooperação por ações mais efetivas contam com a diversidade do nosso estado, o que é o maior incentivo para proposições compartilhadas e que levem a todo o nosso território o trabalho do arquiteto e urbanista.

Por fim, a principal mensagem dessa gestão é a de que queremos arquitetos em todos os municípios e em todos os cantos de nossas cidades. Sonhamos, e trabalharemos para que a arquitetura e urbanismo seja para todos. Assim, colocamos o CAU/MG à disposição para construirmos juntos um novo sentido para essa relevante profissão e que seja adequado aos desafiadores dias atuais.

Entrevista com os professores Daniel Murta, Patrícia Barbosa, Flavio Negrão, Raymundo Fraga, Lawrence Solla e Sheyla Passos

Os professores Daniel Murta, Patrícia Barbosa, Flavio Negrão, Raymundo Fraga, Lawrence Solla e Sheyla Passos são os entrevistados desta edição, do Informe da construção. Com um tom descontraído e bem-humorado, falam de suas opções pela docência e pela profissão de arquiteto, o ponto alto do bate-papo. Uma deliciosa e reveladora troca de ideias, recheada com o contexto de muitos anos de abnegada entrega e dedicação profissional, revelados em uma entrevista.

Olá, Daniel, como vão as coisas, tudo bem? O que te levou a optar pelo curso de arquitetura?

Está tudo bem. Quando penso sobre isto, me recordo do meu pai, Arquiteto, sentado em sua prancheta, acendendo a luminária, desenrolando papel manteiga e trabalhando! A maior diversão era jogar futebol com uma bola, feita com restos de durex utilizados para prender os papéis nas pranchetas. E lá se vão mais de 30 anos desta data. Foi quando tudo começou. Com mais ou menos uns 15 anos, eu já ajudava no escritório, minha função era copiar os desenhos feitos no papel manteiga para o papel vegetal usando tinta nanquim. E o normógrafo. Que arrepio. Como sofri com esta ferramenta. Bom, com o tempo, passei a acompanhá-lo nas obras e viver outras experiências e a vontade de ser Arquiteto foi só aumentando. Esta trajetória me levou a fazer Engenharia (não existia curso de arquitetura na cidade que eu morava). Como não era a minha paixão, não terminei o curso. Neste meio tempo, acabei me mudando para Belo Horizonte e fiquei sabendo de um curso novo de Arquitetura. O curso da Universidade Fumec. Melhor escolha que fiz na vida. Fiz um curso com a intensidade que pude, já trabalhava e era pai desde meu primeiro dia de aula! Mas muito feliz e sem arrependimentos.

E a sua escolha, Patrícia, como foi?

Tenho uma lembrança linda de infância, quando meu pai trabalhava na área comercial em uma construtora multinacional, e estava a frente de um empreendimento de um clube em um balneário no interior de Minas Gerais, nos levou (eu, meus irmãos e minha mãe) para ver essa obra! A outra memória, muito visual, se remete aos compassos de estimação que ele tinha, e guardava com tanto carinho junto ao livro do Ernst Neufert, arquiteto alemão, que sempre consultava ao analisar os projetos do ponto de vista comercial. Acho que essas doces lembranças ficaram de certa forma gravadas em minha mente e meu coração e me fizeram optar aos 17 anos pela carreira na Arquitetura e Urbanismo. Outro aspecto que de certa forma também colaborou, foi a de me reconhecer em alguns arquitetos, em seus comportamentos vanguardistas, intelectualizados e no modo único em que experimentam os espaços e as artes. A arquitetura também tem a ver com a nossa personalidade, com nossa forma de expressão e como gostamos de nos posicionar frente as questões dos assentamentos humanos, sobre sustentabilidade, ambiente construído, comportamento...E sob essa ótica, tive a certeza de que estava no caminho certo quando adentrei em sala nas primeiras aulas. Como me comportei diante das primeiras dificuldades e desafios no engajamento vivido das noites em claro e na certeza de que estava em uma profissão muito difícil, em que o estudo continuado seria condição sine qua non para uma carreira profícua, edificante, duradoura, mas sobretudo transbordante de paixão.

Negrão, você também teve essas influências na infância?

Minha história de casamento com a arquitetura vem de longe e me traz lembranças da infância. Nas animadas férias no quintal de Tia Diva, a diversão era construir verdadeiras cidades para depois brincar com os carrinhos de ferro que tinha ganhado no Natal. Me divertia pensando e construindo e depois que estava pronto a brincadeira até perdia a graça, para que outra cidade pudesse ser pensada e construída outra vez. Resíduos achados no terreiro viravam casas. Caminhos existentes entre os canteiros eram ruas. A mangueira usada para regar horta e pomar, de tempos em tempos, vertia água simulando os rios da cidade que corriam livres e visíveis. Das férias no interior para as ruas da capital BH onde eu morava, um outro cenário de brincadeira existia. A rua era a Muzambinho e nela tinha um prédio diferente, que atraia as crianças curiosas das redondezas. A atitude colorida, as frestas e formas inusitadas do Edifício Tinguá projetado por Éolo Maia, caia para nós como um parque de diversões no nosso quintal de “meninos da cidade grande”, onde a rua vira a extensão da casa e os pilotis e garagens do Tinguá a extensão da rua. A intensa e divertida vivência que tive na minha vida com essa arquitetura, me escondendo em suas frestas para não ser pego pelo pegador da vez, subindo e descendo suas rampas de bicicleta, encontrando os amigos no mirante do último andar, que democraticamente permitia que todos tivessem direito aquela bela vista, me mostrava o quanto uma arquitetura tinha o poder de transformar as pessoas. Cada cantinho daquele prédio está muito vivo e presente na minha memória afetiva, do contrapeso que auxiliava o abrir e fechar da janela guilhotina presente em suas fachadas, a porta “escotilha” presente nos banheiros, que fez com que todos apelidassem o Tinguá de “Submarino”. Foi nesse cenário de moleque da rua Muzambinho que vivia a brincar no submarino do Éolo, que aprendi a valorizar essa profissão chamada arquitetura e seu poder de transformação e inclusão.  Nesse caminho que fiz até chegar aonde estou hoje, como professor da Fundação Mineira de Educação e Cultura tive o auxílio luxuoso de meu pai sempre presente e disposto a ajudar nas horas certas e de minha mãe, a artista da família, que me ensinou o gosto pela arte, desenhando e poetizando a vida.  Representar a vida através do desenho sempre esteve presente na minha história, e considero essa forma de expressão como o grande fio condutor na minha vocação para a arquitetura. E foi assim então, que tomei o gosto pela coisa. Hoje aqui estou praticando e exercitando o ofício de ser arquiteto.

Parece que todos têm a mesma historia, não é Fraga?

Desde a minha infância o universo arquitetônico sempre me encantou, fosse pela magia de ver traços que tomariam formas arquitetônicas ou pelo bem-estar e conforto que essas edificações traziam a seus usuários. Era comum, ainda na infância, passar por uma obra e querer entrar para compreender como ela estava sendo executada e entender desde os materiais usados até mesmo os ambientes que a referida obra teria. E com o passar dos anos esta curiosidade se tornou cada vez mais maior, a ponto de sempre acompanhar pais, familiares e amigos que, sempre que iam iniciar uma obra e procuravam um profissional para planejar e orientar a realização de seus sonhos. Mas foi somente com o tempo e aprendendo sobre a profissão que pude compreende-la, não somente no aspecto funcional, mas o social e humano que a arquitetura proporciona ao usuário.

E para você, Lawrence Solla?

As pessoas – principalmente os estudantes – acham que a minha escolha pela arquitetura está de alguma forma associada ao desenho: não me refiro ao desenho técnico, com instrumentos. Mas ao desenho livre e descompromissado, de paisagens e de arquitetura. No entanto, para sua surpresa, reaprendi a desenhar no próprio curso (digo reaprendi pois não conheço nenhuma criança que não goste nem saiba desenhar... mas, não sei o porquê, ao longo da infância e do ensino fundamental, essa incrível habilidade vai se perdendo). O desenho técnico, esse sim, já era um velho conhecido, desde os tempos do curso técnico de edificações do CEFET-MG, nos anos 1990. Meu primeiro contato com o vasto campo da arquitetura e urbanismo foi nesta época. É certo que o curso de edificações conversa muito mais com a engenharia civil que com a arquitetura. Isso talvez explique porque a grande maioria dos meus colegas escolheram a graduação em engenharia. Porém, a possibilidade de entender processos construtivos e a tecnologia aplicada à construção civil me fascinava.  Havia disciplinas de cálculo, estruturas, materiais, canteiro de obras, topografia. Lembro-me que havia duas disciplinas destinadas ao desenho arquitetônico. Eram disciplinas de carga horária alta, onde aprendemos desenho exclusivamente à mão. O desenho informatizado ainda não fazia parte da grade e o CEFET possuía um único laboratório de informática com, no máximo, dez computadores. Na segunda disciplina, nos foi proposto que fizéssemos um projeto arquitetônico de uma residência. Era um trabalho final e tivemos um semestre inteiro para o desenvolvimento. Fizemos maquetes de estudo do terreno, analisamos obras de referência, desenvolvemos um estudo preliminar e finalizamos com o projeto completo desenhado à nanquim em papel vegetal. Neste momento, percebi minha proximidade com o projetar e, o que julgo ser o mais importante, como os conhecimentos – e a vivência – de estrutura, canteiro de obras, materiais são importantes na formação do arquiteto. Após a conclusão do curso de edificações, trabalhei por três anos em construtoras, executando obras, até ingressar na Universidade FUMEC, em 2001.

E você Sheila, houve um encantamento mais intenso, não é?

A escola pra mim sempre foi motivo de encantamento e, desde a infância, me emocionava com as aulas de literatura e artes. Eu usava o desenho como motivador para aprender todos os conteúdos. Mas meu contato com a arte se limitava ao que tinha na escola, nas conversas curiosas com meus professores e em buscas na biblioteca. Em casa, minha curiosidade se voltava para o trabalho do meu pai, marceneiro. Minhas brincadeiras, na marcenaria, eram dedicadas à execução de banquinhos, mesinhas... Me divertia muito com isso. Mais tarde comecei a desenhar os móveis para ele e assim, fui descobrindo outro universo do desenho - usando régua, caneta, dimensões - e me encantando com a execução e montagem. Mas, apesar dessa introdução, nunca pensei muito sobre qual profissão escolheria. Tudo foi, de certa forma, me encaminhando para a arquitetura. Na reta final para a decisão sobre qual curso seria minha opção no vestibular, resolvi pesquisar sobre os cursos ligados à arte e assisti, na escola, uma palestra sobre o curso de arquitetura do prof. Delson. Não sabia que em breve ele seria meu professor! Suas palavras despertaram em mim um desejo por aprender arquitetura e urbanismo. Já no início da graduação, assistia às aulas com os olhos brilhando pela alegria de saber que estava no meu lugar. A partir daí descobri um mundo: um mundo amplo e complexo. Parece, como tudo indica, todos tiveram a mesma influência. Interessante dizer, que todos são professores. Será que tiveram a mesma razão para seguir a docência. Vamos saber.

Daniel, por que escolheu a Docência?

Na verdade, acho que a docência me escolheu. Nunca pensei em ser professor até cursar Arquitetura. Tive a oportunidade de ser monitor em algumas disciplinas e a satisfação em ensinar, sempre me encheu de alegria. Ser professor é algo mágico, transmitir conhecimento, acompanhar a trajetória dos alunos, saber que você fez parte de algo grande é uma realização pessoal incrível. Assim que me formei, uma porta se abriu, ou melhor, a Profa. Maria Carmem, a quem tenho imensa gratidão, me indicou e fui contratado pela Universidade Fumec. O curso de Design estava começando e minha experiência com computação gráfica e as monitorias foram fundamentais para este início de carreira. Lecionei nos cursos de Design de Interiores, Design de Produto, Design de Moda e Design gráfico, todas disciplinas relacionadas à computação gráfica. Fiquei no curso de Design vários anos até que a Profa. Malu Viana, outra que tenho guardada no coração, me permitiu começar no curso de Arquitetura e Urbanismo. A disciplina era Desenho Informatizado, ensinávamos o desenho assistido por computador (CAD), uma ferramenta importantíssima na época, depois as oportunidades foram aparecendo e fui conquistando espaço na instituição. Hoje, com 18 anos lecionando as mais variadas disciplinas, posso afirmar, ser professor é desafiador. Atualmente, tenho disciplinas no início, no meio e no final do curso. Tenho a oportunidade de acompanhar de perto, toda a trajetória do aluno. Como é gratificante, fazer parte de todo este processo de amadurecimento e evolução, principalmente na reta final do curso, nas orientações de TC (Trabalho de Curso) e na troca de experiências tão enriquecedoras. Só tenho a agradecer à Universidade Fumec. Tive experiências incríveis com professores fantásticos, engenheiros e arquitetos experientes, atuantes na profissão, extremamente motivados. Me sinto um sortudo e um profissional muito realizado!

Patrícia, e você, por que escolheu ser professora?

Acredito que a docência é uma vocação. Sempre quis ser docente. Me programei para ministrar aulas. E esse projeto de vida foi amadurecendo ao longo da minha trajetória profissional, e que está também associada à paixão pela arquitetura e construção. Lembro-me que os maiores ensinamentos, ou a forma em que mais adquiri conhecimento durante as aulas veio através dos exemplos práticos, ou seja, dos professores que conciliavam suas carreiras profissionais à academia. Esses mestres faziam meus olhos brilharem e promoviam em mim um sentimento de que tudo aquilo fazia sentido para o que projetava como carreira. Acredito que uma das maneiras mais eficazes de absorver o conhecimento é passar o conhecimento. Como sempre gostei de planejamento, gestão e obra, observando essa minha facilidade na interface entre a arquitetura e o ambiente construído, me dediquei a ser monitora na disciplina de instalações prediais durante vários semestres da graduação em Arquitetura. Esse perfil me levou a trabalhar em construtoras e a ter como meta o aperfeiçoamento da interface projeto e obra, tendo como base os conceitos aprendidos na Academia. Assim, poderia contribuir para aperfeiçoar vários aspectos:  o desenvolvimento de normas, a busca por mais conhecimento na realização entre a Arquitetura e as Engenharias sobre o aspecto da Construtibilidade, e assim poder aperfeiçoar o processo de projeto gerando melhores produtos. Essa especialização me abriu portas para consultorias especializadas na área e, também novas possibilidades como professora, por conseguir promover uma integração entre os cursos de Arquitetura e Engenharias. Minha vocação à docência se consolidou com o Mestrado. Além de me formar como pesquisadora, ficou mais clara ainda a importância de conciliar os aspectos conceituais e científicos com a prática profissional, e vi como poderia contribuir nesse sentido. Assim que terminei o mestrado fui convidada a ministrar aulas, tanto na Pós-graduação na Escola de Engenharia da UFMG, como em cursos de graduação de Arquitetura e Engenharia. E desde então, ao entrar em uma sala de aula, seja ela física ou virtual, me recarrego com essa energia apaixonante e vibrante que nos impulsiona no sentido da motivação, inovação e completude. Nessa experiência incrível da docência, considero uma grande oportunidade de realização poder contribuir com a formação dos alunos, e aprender com eles. Vê-los progredindo em suas carreiras e perceber que fazemos parte disso é maravilhoso. Agradeço a Deus, minha família, aos meus professores, em especial à Maria Carmem aqui representando a todos, a essa casa (FUMEC) e agora aos meus alunos pela oportunidade do aprendizado e do convívio. Compartilhando dessa mesma paixão, sonhos e alegrias que todos nós sentimos ao distribuirmos em sala de aula o conhecimento. Sou realmente uma pessoa e uma profissional muito realizada!

 

Parece que todos têm uma historia. E você Negrão, por que escolheu a carreira acadêmica?

A carreira acadêmica surge na minha vida de forma despretensiosa. Confesso que na minha juventude a arte de ensinar não fazia parte dos meus sonhos. A entrada na Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) me despertou para novos desafios e novos caminhos. As histórias vividas por quase uma década de experiência discente, me mostrou que o ofício de ensinar também poderia fazer parte da minha vida. Gostaria eu nesse momento escrever um livro sobre todas as histórias desse filme que se passa na vida de um estudante universitário, mas vou me ater a dois fatos que marcaram em muito meu desejo de ser professor ao longo da minha trajetória no curso de arquitetura. O primeiro fato, curiosamente se refere à também a infância, embora não a minha.  Em 1997 a Fumec abria sua primeira turma do curso de Arquitetura. Junto com ela, eu ex-aluno do curso de Engenharia e o projeto “Já de Cara”. A proposta que era algo como o que hoje chamamos de Projetos de Extensão, propunha compartilhar memórias afetivas com as crianças das vilas que faziam parte do cenário urbano que nos cercava.  Os filhos dos moradores da extinta Favela Pendura Saia que ocupava o território onde hoje está a universidade, eram os principais atores desse trabalho. Integrar comunidade e Universidade “Já de Cara” era a proposta sonhada pelo grupo de professores que conduziam a jovem experiência de implantar o novo curso na FUMEC. A liderança era da nossa querida Maria Carmen, mulher guerreira e predestinada que nos acolheu e alimentou de conhecimento, buscando sempre a diversidade na sua habilidade em construir “pontes” para conectar gentes. E foi em uma dessas pontes criadas por Carmen que atravessei e pude encontrar, do outro lado, a comunidade que abracei e me ajudou a compreender que a extensão universitária pode ser local de produção e troca de conhecimentos entre saberes acadêmicos e os planos mais diversos e corriqueiros do cotidiano da vida das pessoas, “da vida como ela é”. Esse diálogo com o social, faz parte da minha vida desde aluno e ainda hoje permeiam minhas decisões profissionais e acadêmicas. O segundo fato acontece na vivência como monitor da disciplina Geometria Descritiva, onde fui discípulo do grande Mestre Mazzoni, que me permitiu experimentar o “gostinho” do pó de giz e do eterno desafio de se fazer entender, já que para além de produzir conhecimento somos os responsáveis em difundi-lo. O exercício através de técnicas de desenho que conduzissem o aluno a uma visão espacial era o desafio apresentado. Mon Dieu, nada fácil esse desafio! Muitos brincavam que eu era filho do Mazzoni. De fato, foi um pai para mim. Me mostrou caminhos, me deu liberdade para criar metodologias de ensino da geometria e abriu portas para minha trajetória docente.  Com ele e sua equipe de professores, Mario e Alexandre, aprendi a arte de ser professor, e confesso que gostei tanto, que hoje não consigo mais imaginar a minha vida sem ela. Claro que nas entrelinhas desse caminho muitas histórias boas para contar e que também ajudaram a construir minha alma de professor. Na Trans-Arquitetura de João Diniz aprendi a ser livre para criar a partir do olhar de quem não apenas olha, mas escuta, conectando as múltiplas relações da arquitetura com outras profissões. Nas aulas de história contadas por Paulo, Rita e Vanessa entendi o quanto aprender sobre o passado era necessário para compreender o presente e quem sabe propor um futuro melhor.  Com Veveco discutíamos arquitetura cozinhando broto de bambu na cantina da escola, numa mistura de temperos regado de sabedoria e de uma boa conversa na mesa de um bar. E foi assim que aprendi o pouco que sei. A vida é feita de encontros, e na minha, muita gente passou e ainda vai passar. Lembrei aqui de algumas histórias que marcaram minha trajetória e minha passagem por esses caminhos que trilhei na vida. Considero que todos os mestres professores que cruzaram meu caminho em muito contribuíram no meu aprendizado e no ser humano que me tornei, entendendo à docência não como uma opção, mas como um destino. Fecho aqui a minha fala dizendo que esse ser humano que me tornei, generalista na profissão e professor por vocação, acredita que na educação está a grande e única “arma” com o poder de mudar o mundo.

Qual sua historia, Fraga?

Acredito que a docência sempre esteve presente em mim. Porém ao iniciar os estudos em arquitetura tive a oportunidade de ter contato com grandes nomes da arquitetura mineira, através das salas de aula da FUMEC. Assim pude compreender que, aquela paixão da infância e os ensinamentos adquiridos deveriam ser repassados a novas gerações de arquitetos compartilhando os ensinamentos que obtive. Desde os primeiros dias, ainda na apresentação do curso, com nossa Coordenadora Arquit. Maria Carmem Lopes, ou no decorrer dos semestres pude compreender que aquela paixão pela arquitetura se fortalecia a cada aula e ensinamento, fazendo da minha formação uma deliciosa rotina. Com o aprendizado adquirido, tive a oportunidade de ser monitor de algumas disciplinas na FUMEC, como por exemplo Desenho Arquitetônico e Desenho Computadorizado. Foi uma experiência ímpar e que exaltou ainda mais a minha relação com a docência me proporcionando autoconfiança pra seguir em frente. E foram diversas as vezes em que, ao ministrar um conteúdo em sala de aula, pude me lembrar e repassar trechos e falas dos meus professores. Nomes notáveis como Arquit. João Diniz, Arquit. Álvaro Hardy, nosso eterno “Veveco”, Arquit. Flavio Almada, entre outros tantos nomes com os quais tive a honra e a oportunidade ter como orientadores nesta jornada rumo à arquitetura e à docência.

O que te influenciou, Lawrence Solla, na escolha da docência?

Como disse antes, o curso técnico de edificações me rendeu um status interessante: já estava instrumentalizado e algumas disciplinas de início de curso não eram novidade. Tanto que, já no primeiro período, calouro, fui selecionado para a vaga de monitoria da disciplina “desenho arquitetônico”. Considero essa minha primeira experiência como docente. Se não me falha a memória, fui monitor até o oitavo período do curso. Só deixei a monitoria para me dedicar ao estágio obrigatório. Durante os primeiros destes oito períodos, fui monitor de disciplinas relacionadas ao desenho técnico, nos cursos de arquitetura, engenharia civil, ambiental e design. Nos demais, fui monitor de disciplinas ligadas ao desenho de perspectiva para os cursos de arquitetura e design de interiores. Tais disciplinas eram ministradas pelo professor José Euzébio Silveira que, inclusive, foi meu professor. Após a conclusão do curso, já formado há cinco anos, fui convidado pelo professor Euzébio para lecionar com ele no curso de arquitetura e urbanismo do UniBH e, claro, disciplinas desenho técnico. O convite foi aceito prontamente! A monitoria já havia me mostrado como a sala de aula é especial e, posteriormente a docência, como é incrivelmente enriquecedora a troca entre professores e estudantes.

Ao longo de quase dez anos lecionei, também no curso de arquitetura e urbanismo da UNA, várias outras disciplinas, tais como: plástica, topografia, projeto de arquitetura, projeto de urbanismo e trabalho final de graduação. Em 2020 me desliguei – temporariamente – para me dedicar exclusivamente ao escritório e à execução dos nossos projetos.

E você Sheyla, o que te levou a dar aula?

Eu tenho uma história contraditória com a docência. Sempre fui muito introvertida e na faculdade, quando queria fazer algum comentário ou tirar alguma dúvida, isso me impedia. O estranho é que isso mudava quando ia apresentar um trabalho ou durante a orientação de um projeto. Nesse momento, a timidez sumia. Mas tem uma história especial que me fez descobrir meu amor pela docência: estávamos cursando a disciplina de história, teoria e crítica de arquitetura e a proposta para o semestre era que cada aluno estudasse a obra de um determinado arquiteto e que apresentasse isso para a turma. O resultado seria um compilado de estudos e análises sobre a obra de alguns arquitetos contemporâneos. Aconteceu um sorteio e eu deveria estudar o arquiteto espanhol Enric Miralles. Senti muito medo de não cosneguir vencer a timidez e apresentar um bom trabalho. A partir daí,  passava horas na bilioteca pesquisando e estudando, tentando entender pressupostos, processo e obra daquele arquiteto. Fui alinhavando a sua produção, compreendendo e estabelecendo uma linha que demostrava seus caminhos e desvios. Fiz a apresentação tentado revelar como e porque ele chegou à sua arquitetura mais recente, traçando paralelos com o contexto e com a produção arquitetônica da época. Antes do dia da apresentação, perguntei à professora sobre o que eu não poderia deixar de dizer de forma nenhuma. Ela me disse: “sobre a mesa, fale sobre a mesa!”. E assim finalizei e fui enfrentar o medo da apresentação. Ali me encontrei: fiquei atenta às expressões dos meus colegas e da professora, tentando identificar se estava conseguindo transmitir o que queria. Quando terminou, aliviada, mas com medo de quais seriam os comentários e avaliação, recebi, para minha surpresa, o convite para ser monitora do núcelo de história. A professora era a Rita Velloso. Foi quem identificou em mim o talento para o ensino e me depertou para isso. Tenho uma enorme admiração por ela e agradeço seu olhar sensível para mim e  para seus alunos. Ela seria, mais tarde, orientadora do meu trabalho final de graduação e componente das bancas que passei para receber o título de mestre. Quando me formei, trabalhei em alguns escritórios e em meu próprio, a LS arquitetura e, em 2012, através do convite do prof. José Euzébio Silveira e do prof. Lawrence Solla – aos quais serei eternamente grata -  fiz um teste no Uni-BH e já são 9 anos lecionando no curso de arquitetura. Amo ser arquiteta e amo ser professora.

Sheyla Passos - Arquiteta e Urbanista, Especialista em Gestão de Empreendimentos em Arquitetura e Construção, Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Uni-BH. Sócia do escritório LS Arquitetura.

Lawrence Solla - Arquiteto e Urbanista, Especialista em Meio Ambiente e Saneamento Ambiental, Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniBH e UNA. Sócio do escritório LS Arquitetura.

Flávio Negrão - Arquiteto e Urbanista, Especialista em Urbanismo e Mestre em Construção Civil com ênfase em sistemas estruturais em bambu. Atua com arquitetura bioclimática, urbanismo tático e ecodesign. É Professor na Universidade FUMEC  e integrante do Coletivo Becus. 

Daniel Murta - Formado em Arquitetura e Urbanismo, Especialista em Construções Metálicas,  Mestre em Processos Construtivos e Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC.

Patrícia Barbosa - Arquiteta e Urbanista, Especialista em Engenharia de Produção Civil, Mestre em Construção Civil. Sócia-diretora da PGB Arquitetura, Consultoria e Negócios. Professora do curso de Especialização em Construção Civil do DEMC da UFMG. Professora dos cursos de Pós-graduação e Graduação em Engenharias das universidades UNI-BH, UNA e EMGE e Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Metodista Izabela Hendrix.

Raymundo Fraga - Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade FUMEC, Especialista em Iluminação e Arquitetura de Interiores, certificado pela Politécnica de Milano – POLI.DESIGN em Soluzioni Innovative e Tendenze per L´Interior Design, certificado em Paisagismo pelo IPOG.  Atuou como professor na UNIRON - União das Escolas Superiores de Rondônia.

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