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NOTAS - COMENTARIOS - OPINIOES

AS COLUNAS

Por Engenheiro Eduardo Chahud

Nas obras da construção civil, as colunas são os elementos estruturais de sustentação vertical. Ao longo dos séculos, as colunas tiverem seu desenvolvimento acompanhando o avanço da arquitetura e da engenharia civil.

No início da sua utilização na arquitetura, tiveram também a função decorativa, como pode-se ver nas belíssimas colunas da antiguidade. Podem ser de pedra, alvenaria, madeira ou metal e se constitui de três partes: base, fuste e capitel.

Elas apareceram, pela primeira vez, no século VII a.C., na arquitetura grega. As colunas mais conhecidas são as das Ordens Dórica, Jônica e Coríntia.

A Figura 1 mostra o esquema desses 3 tipos de colunas.

 

Figura 1 – Tipos de Colunas Gregas

Fonte: https://umabrasileiranagrecia.com/2015/08/os-tres-tipos-de-colunas-gregas.html

Segundo Virna Lize, https://umabrasileiranagrecia.com, as principais características das colunas são:

  • “As Colunas Dóricas são simples e não apresentam base”;

  • “As Colunas Jônicas são mais altas que as Dóricas e sua superfície tem linhas esculpidas de cima para baixo. A base de uma coluna Jônica se parece com uma pilha de anéis, e o capitel no topo da coluna parece ser um pergaminho gigante”;

  • A Coluna Coríntia “É uma evolução da ordem Jônica, no sentido de uma maior valorização da ornamentação.... A diferença mais marcante da ordem Coríntia para a Jônica é o capitel das colunas, muito mais elaborado. Tinha a forma básica de um sino invertido, adornado por folhas e brotos de acanto, uma planta da região. Outra diferença, embora não tão marcante, era a altura das colunas, que correspondia a onze vezes o diâmetro, enquanto que as Jônicas tinham altura de nove vezes o diâmetro”.

As colunas são facilmente confundidas com um pilar, uma vez que apresentam basicamente a mesma função estrutural. Ela é diferenciada, em um primeiro momento, por ser mais robusta que o pilar.

Pode-se considerar o pilar como uma coluna mais simples com a função de sustentar toda a estrutura (paredes, pisos, revestimentos, coberturas e outros carregamentos da edificação). A coluna pode ser considerada como a responsável por sustentar a parede e a cobertura.

Os pilares, atualmente, são executados em concreto armado, aço ou madeira.

Com a descoberta de novos materiais de construção, o desenvolvimento dos métodos construtivos e os métodos de cálculo, a distância entre os pilares (ou colunas) são cada vez maiores e assim, muitas vezes, deixam de ser elementos ornamentais e passam a ser somente elementos estruturais, importantíssimos para a edificação. O estudo de novos materiais para a construção civil irá impactar nas novas formas e dimensões das colunas e/ou pilares.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE MADEIRA

Por Engenheiro Eduardo Chahud

 

A patologia das estruturas é o campo da engenharia de estruturas que estuda as origens, formas de manifestação, consequências e os mecanismos de ocorrência das falhas dos sistemas estruturais e ou deterioração de elementos estruturais (SOUZA; RIPPER; 1998).

Através desse conceito, é muito importante conhecer as patologias das estruturas de madeira.

A madeira é um dos materiais mais antigos utilizados na construção civil. É um material natural e, dentre os materiais mais utilizados, o único que pode ser recomposto pela natureza, diferentemente dos outros materiais, como o minério de ferro, a brita, o calcário e a argila.

Ela é utilizada pelo homem desde os primórdios da civilização, tanto como sistema estrutural tanto como material de vedação e de acabamento.

A escolha e a especificação da madeira mais adequada a ser utilizada na construção civil ocorre, muitas vezes, sem o conhecimento necessário do seu comportamento mecânico e da sua constituição.

O desconhecimento sobre o comportamento de determinado material, a madeira entre eles, pode acarretar inúmeros problemas ao longo da vida útil da edificação. Esses problemas são as patologias.

Dois dos principais fatores que ocasionam patologias em estruturas de madeira, são: erros de projeto da estrutura e tratamento inadequado da madeira. Eles podem ser combatidos com o conhecimento da norma de projeto, dos conceitos básicos de como projetar as estruturas de madeira e de como realizar o tratamento das peças de madeira. Paralelamente, deve-se prever e realizar a manutenção das estruturas ao longo da sua vida útil.

Exemplos de patologias oriundas desses fatores, são apresentadas nas figuras a seguir.

A Figura 1 apresenta o apodrecimento da base de um pilar inclinado de madeira. A causa do apodrecimento foi o não tratamento da peça de madeira e a não proteção adequada da base do pilar. Esse tipo de patologia, no lugar que ocorreu, pode ocasionar sérios danos à edificação, relativo a deformações excessivas ou até o desabamento de parte da estrutura.

Figura 1 – Apodrecimento da base de um pilar inclinado.

 

Fonte: o autor.

A Figura 2 apresenta a deformação excessiva de uma viga de madeira, no ponto de emenda de duas peças de madeira. Essa deformação ocorreu devido a falta de projeto da ligação e do posicionamento errado do ponto de emenda das peças.

Figura 2 – Deformação excessiva de uma viga de madeira na regisão da emenda de duas peças.

 

Fonte: o autor.

Os dois exemplos demonstram a importância de um bom projeto e de um bom tratamento de uma estrutura de madeira, visando sua vida útil.

 

Bibliografia

SOUZA, V. C. M., RIPPER, T. (1998) Patologia , recuperação e reforço de estruturas de concreto. ISBN 85-7266-096-8. Editora Pini. SP.

 

PORQUE OS PROJETOS (OBRAS) NO BRASIL SÃO CONSIDERADOS MALSUCEDIDOS?

 

Por: Eng. Jorge Luiz Martins Ferreira

O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute PMI) PMI-RJ fez um trabalho de benchmarking em empresas brasileiras, com dados reais sobre práticas e tendências observadas no mercado brasileiro. Esse trabalho contou com a participação de 183 empresas e vários relatórios foram elaborados. A seguir têm os resultados obtidos:

 

A) Nível de resistência em relação ao tema gerenciamento de projetos

 

Classificação da resistência

Resultado (%)

Extremamente resistente 2

Resistente 18

Pouco resistente 43

Nenhuma resistência 37

 

B) Atitude das organizações em relação ao planejamento efetivo de projetos

 

Atitude

Resultado (%)

Sempre planejamos 35

Na maioria das vezes planejamos 51

Quase nunca planejamos 14

 

C) Atitude das organizações em relação ao controle efetivo de projetos

 

Atitude

Resultado (%)

Na maioria das vezes controlamos 49

Sempre controlamos 37

Quase nunca controlamos 14

Nunca controlamos 0,5

 

D) Como a profissão gerente de projeto é reconhecida nas organizações

 

Reconhecimento

Resultado (%)

Não é reconhecida como uma atividade formal 20

Uma atividade desenvolvida em tempo parcial, porém formalmente designada 34

Uma profissão exercida em tempo integral e reconhecida por todos 46

 

E) Utilização de metodologia de gerenciamento de projetos

 

Quantidade

Resultado (%)

A organização não possui metodologia formal, o gerenciamento de projetos é feito informalmente 16

A organização possui metodologia desenvolvida em algumas áreas específicas, e nem todas as áreas utilizam a mesma metodologia 34

A organização possui uma metodologia única para o gerenciamento de seus projetos, a qual pode ser adaptada em função das características do projeto 50

F) Benefícios que a empresa tem obtido com o gerenciamento de projetos

 

Benefícios

Resultados(%)

Mais comprometimento com objetivos e resultados 77

Disponibilidade de informação para a tomada de decisão 68

Mais integração entre as áreas funcionais 67

Aumento de qualidade 61

Redução de prazos 49

Otimização e alocação de recursos 44

Aumento de produtividade 38

Redução de custos 30

Melhor retorno sobre o investimento (ROI) 21

Nenhum 5

 

G) Problemas mais frequentes em projetos

 

Aspectos

Resultado(%)

Não cumprimento dos prazos estabelecidos 72

Problemas de comunicação 71

Mudanças de escopo constantes 69

Estimativas erradas de prazo 66

Riscos não avaliados corretamente 63

Recursos humanos insuficientes 62

 

H) Aspectos mais considerados no planejamento de projetos

 

Aspectos

Resultado(%)

Prazo 100

Escopo 98

Custo 72

Recursos Humanos 60

Qualidade 52

Aquisições/contratos 51

Integração 50

Comunicação 37

Riscos 36

Em outra pesquisa elaborada pelo PMI-RJ, este teve a colaboração de 460 organizações. Esse estudo demonstrou evolução e maturidade bastante significativas, observando-se que alguns segmentos estão num nível mais avançado de maturidade, entre eles a mineração, o petróleo e gás. Isto nós mostra que temos muito a evoluir em se tratando em gerenciamento de projetos aonde existe ainda uma forte cultura de apagar incêndio e desvalorizar o planejamento, ou seja, faça de qualquer maneira.

 

Falando francamente

Por: Eng. Jorge Luiz Martins Ferreira*

 

Olá a todos!

Regularmente, recebo um relatório chamado “Chaos report” escrito pelo Standish Group, onde tenho a situação real sobre quantos projetos, ao redor do mundo, são considerados bem-sucedidos ou não. Esta é uma informação importante, que nos mostra o quanto a gestão está impactando sobre este resultado e isso irá nos mostrar o verdadeiro caminho para que possamos melhorar nossos projetos. Este relatório nos mostra que cerca de 68% dos projetos, em todo o mundo, são malsucedidos devido, principalmente, a uma má gestão (92%) e os outros (8%) devido a problemas técnicos. Esses números nos mostram que a gestão desses projetos é considerada péssima e algo deve ser feito. Quando falamos de projeto falamos também de obras civis onde o Engenheiro Civil é o responsável por obter bons resultados em sua gestão.

A questão é: o Engenheiro Civil é um mau administrador?

Cada país tem sua cultura e o Brasil não é diferente, principalmente, quando falamos de Investidores. Em nossa cultura, por exemplo, um Engenheiro Civil é contratado para gerenciar uma obra civil técnica, administrativamente, ou melhor, ele é o principal responsável por manter todas as variáveis principais como escopo, custos, prazos, qualidade, dentro do contrato. Outra questão importante é: “nossas universidades estão preparadas para capacitar Engenheiros Civis para gerenciar obras civis?”, “As universidades realmente enxergam essas necessidades?” Acredito que não.

As universidades, ainda, não veem a necessidade de preparar o Engenheiro Civil para ser um gerente, sempre o preparou apenas tecnicamente. Mas uma boa notícia é que algumas universidades já estão considerando essa necessidade e introduzindo ementas sobre gerenciamento de projetos em sua própria estrutura. Um bom exemplo sobre este assunto é o da evolução atual da tecnologia, do conhecimento e, principalmente, dos comportamentos. Está avançando em alguns países a utilização de uma excelente ferramenta de gerenciamento de projetos (obras) chamada Metodologia BIM (Building Information Modeling).  Enquanto o Brasil continua em grande atraso.

Porque você escolheu ser engenheiro?

Escolhi a Engenharia por acreditar ser um segmento onde se cria, inova e, principalmente, desenvolve projetos considerados essenciais para a humanidade.

E, por que escolheu a área de gestão?

A escolha da área de gestão ocorreu na minha vida profissional depois de alguns anos de experiência, quando observei a necessidade de “gerenciar” para obter melhores resultados nos projetos sob minha responsabilidade.

Qual é a importância da gestão na engenharia?

No texto “Falando Francamente” apresento números que demonstram a influência do gerenciamento nos resultados dos projetos.

Porque os Engenheiros relutam em aceitar?

Engenheiros experientes não relutam em aceitar, pois a própria experiência profissional lhes mostra a necessidade de um bom gerenciamento em seus projetos. Quando falamos de um engenheiro  recém-formado a explicação, para mim, é clara e não podemos culpá-los totalmente. já que Nossas universidade, ainda, não preparam os jovens engenheiros para “gerenciar” projetos.

 

(*) Engenheiro Jorge Luiz Martins Ferreira

Possui graduação em Engenharia Elétrica pela PUC/MG. Mestrado Profissional em Administração.  Atualmente é Professor da Universidade FUMEC. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Empresas. Certificação PMP - Project Mangement Professional, pelo PMI ( Project Management Institute).

BIM

A estrutura industrial da construção civil é altamente complexa, envolvendo diversos stackholders ao longo da cadeia de produção. A comunicação eficaz entre projetistas, construtores, fornecedores e clientes é fundamental para garantir o sucesso do projeto e a satisfação de todas as partes. Entretanto, pesquisadores revelam que os métodos tradicionais de projeto podem fragmentar o processo produtivo, ocasionando o isolamento entre profissionais de áreas distintas e a falta de coordenação entre as equipes. Estudos publicados pela revista The Economist ainda revelam que ineficiências, enganos e atrasos representam cerca de 30% do gasto total em construções por ano nos Estados Unidos.

Neste contexto, o Building Information Modeling (BIM) surge como uma filosofia de trabalho capaz de promover a integração entre as áreas de arquitetura, engenharia e construção (AEC) ao longo de todo o ciclo de vida do projeto. Como consequência, o BIM apresenta um elevado potencial para a otimização do planejamento e execução de projetos multidisciplinares, gerando impactos positivos na qualidade dos projetos e na produtividade das equipes de trabalho. Segundo o estudo conduzido pela McGraw Hill em 2012, empresas que adotaram o BIM em obras de infraestrutura experimentaram uma redução de 22% nos custos de construção, 33% no tempo de projeto e execução, 33% nos erros em documentos, 38% em reclamações do cliente após a entrega e 44% nas atividades de retrabalho (MCGraw Hill Construction, 2012 apud Radüns e Pravia, 2013).

A tecnologia BIM é recente dentro da linha evolutiva da engenharia civil, mas apresenta histórico e dados estatísticos que possibilitaram demonstrar neste trabalho os ganhos expressivos que vem proporcionando a esta indústria que é de fundamental importância para a atividade humana. Em todo o mundo a indústria da construção civil desenvolve as edificações e a infraestrutura necessárias para todas as áreas da economia e emprega grande quantidade de colaboradores.

No Brasil tem um peso ainda mais expressivo, porque absorve grande volume de mão de obra de baixa qualificação, que infelizmente ainda é abundante no país. Tem também a capacidade de diminuir as taxas de desemprego com rapidez nos períodos em que economia do país está desacelerada.

SISTEMAS PREDIAIS: UM BOM INVESTIMENTO

Por: Engenheira Cristina Luiza Bráulio S. C. A. Silva

Um dos maiores atrativos para investimentos em quaisquer áreas é contar com um bom retorno financeiro do capital aplicado. Especialistas do mercado estão habituados a mensurar numericamente os ganhos de curto, médio e longo prazo que servirão de baliza para a tomada de decisão de investidores. Entretanto, nem sempre as vantagens de se investir em determinado nicho se reflete pelos lucros diretos do dinheiro empregado. Deixar de gastar, suprimir despesas não obrigatórias é sim um sinal inequívoco de ganho financeiro, que precisa ser considerado com mais atenção em certos ramos da atividade humana e está no radar dos analistas mais experientes.

 

Vejamos o que acontece, por exemplo, na indústria da construção civil, mais especificamente em uma de suas partes indissociáveis: os sistemas hidráulicos, elétricos, de telecomunicações, de gás e de conforto / segurança ambiental.

 

No âmbito predial, a opção feita por algumas empresas em economizar nas chamadas “instalações prediais” pode custar muito caro tanto para o próprio construtor como para os que aplicam seus recursos em construção. A baixa qualidade das instalações reflete-se em uma enormidade de patologias, limitações de uso e problemas funcionais, que têm obrigado as construtoras a manter departamentos e equipes técnicas permanentes, exclusivamente para atender as manutenções pós-obra, durante longos períodos após a conclusão dos serviços. Os usuários, por sua vez, herdam sistemas problemáticos e ineficientes, com elevados desembolsos mensais destinados a reparos e insumos. Insatisfeitos, recorrem à justiça, o que obriga as empresas também a enfrentar despesas contínuas com advogados e perícias judiciais. A existência de defeitos originais de concepção de projeto ou de vícios de origem da construção acaba por reduzir a vida útil da edificação, exigindo muitas vezes amplas reformas e revitalizações precoces. Estamos falando de muitos desembolsos que poderiam ter sido evitados apenas com uma melhoria da qualidade das instalações.

 

No ambiente urbano, a falta de aplicação de recursos nas infraestruturas adequadas de água potável, esgoto e drenagem, pode implicar em grandes gastos para lidar com as consequências das enchentes ou com a saúde dos cidadãos que adoecem por falta de saneamento básico. Os investimentos nessas áreas se mostram altamente 2 compensadores quando analisados de forma mais abrangente e numa linha de tempo maior.

 

Assim, sob qualquer que seja a ótica, o investimento financeiro em sistemas prediais e nas infraestruturas urbanas, deixa de ter valor puramente extrínseco, subjetivo e intangível, tal como a satisfação e o bem estar da população, para ser visto como um valor intrínseco, cujo retorno é concreto e mensurável.

 

Os recentes movimentos mundiais no sentido de exigir das sociedades um modo de vida mais sustentável, abordagem fundamental para quem se interessa pelo futuro do planeta, têm tido reflexos importantes na forma como pensamos as cidades e os edifícios. Racionalidade nos consumos de água, energia e gás, produção própria de energia elétrica a partir de fontes naturais como a energia dos ventos e a energia solar, são exigências prementes feitas por cidadãos e governos. No ambiente predial, os selos verdes conferidos aos edifícios onde predomina o conceito de sustentabilidade ou a medição individualizada de água que promove justiça social, já são uma realidade e fazem sucesso junto aos usuários, cada vez mais estão dispostos a pagar por esse tipo de construção. A ideia por trás de uma construção “sustentável” é a de que, embora o custo inicial possa ser maior do que o de um empreendimento convencional, haverá ganhos reais tanto na operação como na manutenção do edifício. Isso sem falar, é claro, nos benefícios para com o planeta. Além de garantir o retorno real a médio e longo prazo do investimento feito, esse modo de construir se alinha com uma atitude responsável para com os recursos naturais, o que já mobiliza boa parte das sociedades mundo afora.

 

Se é verdade que os sistemas prediais representavam uma pequena parte do custo da construção há 5 décadas atrás, essa realidade mudou. Hoje os edifícios possuem instalações prediais complexas, possíveis apenas a partir de projetos de engenharia arrojados e de instalações que demandam mão de obra especializada e bem treinada. Por óbvio essa qualificação exige mais recursos financeiros. Na outra ponta, um edifício com um sistema predial precário já não atende as demandas por tecnologia de milhares de aparelhos colocados diariamente à disposição dos consumidores, por uma indústria que não para de oferecer novidades.

 

Urge aos construtores, investir cada vez mais na elaboração de bons projetos, na elevada qualidade técnica da execução, na racionalidade dos consumos e na minimização das manutenções corretivas de todos os sistemas prediais. Além de se manter competindo num mercado cada vez mais exigente, ele estará estancando a evasão dos recursos gastos hoje com longos períodos de assistência técnica e manutenção ou no sumidouro 3 das ações judiciais, quase sempre decorrentes da baixa qualidade dos projetos, dos materiais aplicados e da mão de obra utilizada na execução das instalações.

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O CONCRETO ARMADO

Ao misturar água, areia e brita (em proporções previamente definidas) obtêm-se um material que tem plasticidade para ser moldado com facilidade e ao endurecer apresenta resistência a solicitações de compressão.

Segundo o Professor Augusto Carlos de Vasconcelos (1992) “durante a recuperação das ruínas das termas de Carcalla em Roma, notou-se a existência de barras de bronze dentro da argamassa de pozzolana, em pontos onde o vão a vencer era maior que o normal da época”.

Esse é o primeiro registro que se tem notícias da utilização de barras metálicas com outros materiais visando aumentar a resistência e vencer vãos maiores. Em 1770 Joseph Louis Soufflot, arquiteto francês, associou o aço com pedra natural. Para vencer vãos maiores foram executadas vigas de pedras lavradas com barras metálicas nas zonas de tração e barras transversais. Estava começando a ideia do que viria se tornar o concreto armado como hoje é conhecido.

Supõe-se que em 1848 Lambot realizou as primeiras experiências sobre o comportamento de peças de concreto tendo barras metálicas em seu interior. Com isso ele executou paredes com finas barras de ferro, denominando-as de cimento armado. Nesse ano ele construiu o primeiro barco utilizando esse sistema.

Vários pesquisadores e engenheiros, à partir de então, desenvolveram essa ideias e possibilitaram que hoje o concreto armado seja o material estrutural mais utilizado mundialmente.

Como funciona o concreto armado? O concreto apresenta valores de resistência à compressão que pode variar de 25 MPa a 100 MPa, dependo do projeto e da especificação do projetista. Como o concreto não apresenta resistência à tração elevada (em torno de 10% da sua resistência à compressão) e compatível às exigências dos projetos estruturais, são colocadas barras de aço nas zonas tracionadas que serão os elementos responsáveis à resistir os esforços de tração. Para a complementação da resistência aos esforços solicitantes na estrutura, são colocadas armadura transversal (estribos) que tem a função de resistir as tensões de cisalhamento.

As principais vantagens da utilização do concreto armado em estruturas podem ser resumidas em:

- Conservação: quando dosado de forma correta e executado com os cobrimentos normativos apresenta boa resistência a intempéries;

- Economia: os materiais que compõem o concreto armado são fáceis de encontrar na natureza;

- Impermeabilidade: quando dosado de forma correta apresenta boa resistência a entrada de água no elemento estrutural;

- Manutenção: baixo custo de manutenção quando comparado a outros materiais estruturais;

- Moldagem: devido a sua plasticidade, no estado fresco, o concreto armado pode ser moldado em diversas formas;

- Resistência à compressão: apresenta elevada resistência à compressão;

- Resistência a choques e vibrações: boa resistência;

- Velocidade de construção: a execução de elementos de concreto armado é relativamente rápida.

As principais desvantagens da utilização do concreto armado em estruturas podem ser resumidas em:

- Adaptações: adaptações ao projeto original bem como reformas são de difícil execução;

- Conforto: proporciona baixo conforto térmico e acústico;

- Fissuração: sempre irá ocorrer fissuração em elementos de concreto que deverá ser controlada;

- Peso: apresenta alto peso próprio quando relacionado à sua resistência.

Mesmo com as desvantagens citadas, o concreto armado tornou-se o material estrutural mais utilizado em grande parte do mundo moderno.

Ele pode ser utilizado em diversas obras na construção civil, a saber:

- barragens;

- edificações;

- estações de tratamento de água;

- fundações;

- obras de saneamento;

- prédios de pequena e de grande altura;

- pontes;

- sistemas de esgotos;

- usinas hidrelétricas;

- viadutos.

O estágio atual de conhecimento e utilização do concreto armado deve-se à dedicação, estudo, conhecimento e inteligência de inúmeros profissionais que atuaram e/ou atuam no projeto, pesquisa e desenvolvimento do concreto armado, nacional e internacionalmente.

Seria uma pretensão muito grande tentar citar todos os que colaboraram para esse desenvolvimento. Como homenagem a todos esses grandes pesquisadores, citaremos três profissionais de reconhecida atuação em projetos e pesquisa em concreto armado: Professor Alcebíades de Vasconcelos Filho, Prof. Antônio Carlos de Vasconcelos e Prof. Péricles Brasiliense Fusco.

No Brasil a primeira obra em concreto armado, que se tem notícia, foi executada em 1904 em um conjunto de casas em Copacabana. Encontram-se também, dessa época, citações sobre construção em cimento armado, em São Paulo, Santos e Belo Horizonte.

Foi à partir de 1920 que a terminologia concreto armado foi adotada em substituição ao cimento armado.

Atualmente a NBR-6118 Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos 2014, editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), apresenta as seguintes definições:

“concreto estrutural: termo que se refere ao espectro completo das aplicações do concreto como material estrutural;

elementos de concreto simples estrutural: elementos estruturais elaborados com concreto que não possuem qualquer tipo de armadura, ou

que a possuem em quantidade inferior ao mínimo exigido para o concreto armado;

elementos de concreto armado:  aqueles cujo comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência;

elementos de concreto protendido: aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado-limite último (ELU)”.

Com a sempre atualização da normalização brasileira, o grande número de profissionais altamente qualificado para o projeto e execução de obras em concreto armado, o Brasil foi, é e sempre será referência na aplicação do concreto armado.

Pode-se citar alguns projetos que se destacam de forma positiva na construção civil, pelo tamanho, pioneirismo e/ou sustentabilidade.

A saber:

- Edifício Millennium Pallace – Santa Catarina: 177 metros de altura e 46 andares;

- Cidade Administrativa de Minas Gerais – Belo Horizonte: o complexo tem 270.000 metros quadrados e conta com p maior prédio de concreto protendido suspenso do mundo, com vão livre de 147 metros de comprimento e 26 metros de largura;

- Ponte Rio - Niterói – Rio de Janeiro: apresenta 13,29 kilometros de comprimento total e seu maior pilar tem72 metros;

Esses exemplos mostram a qualidade dos profissionais brasileiros no projeto e na tecnologia para a execução de obras em concreto armado.

O país utilizará a tecnologia do concreto armado por muitos anos e seus engenheiros e pesquisadores irão contribuir, sempre, para o aperfeiçoamento da tecnologia do concreto armado.

 

Bibliografia

- Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR-6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. 2014

- VASCONCELOS, A. C. “O Concreto no Brasil Recorde – Realizações – História. Volume I. 2ª. Edição. São Paulo. PINI Editora. 1992.

 

 

Autores

- Eduardo Chahud – Engenheiro Civil

Escola de Engenharia

Universidade Federal de Minas Gerais

- Marco Túlio Fleury – Engenheiro Civil

MTF Consultoria

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